Ser gorda não é um problema



Posso dizer isso com certo conhecimento de causa. Há um ano e meio comecei uma reeducação alimentar – que dura até hoje e vai durar pra sempre. Perdi 14 kg, ganhei 3, perdi mais 1. Preciso contar o que aconteceu depois que eu emagreci, de forma prática e sucinta: nada. Não fiquei rica, nem famosa, nem usei as roupas maravilhosas das modelos. Homens incríveis não vieram bater à minha porta, implorando por uma chance ou ameaçando destruir meu casamento. Eu não fiquei mais legal, mais inteligente ou mais atraente.
Eu não sei o que acontece com o mundo – ou com a parte feminina do mundo, pra ser mais precisa. Sonho com o dia em que as mulheres vão ser mais interessantes, falar sobre livros, filmes, discutir amenidades, comentar a novela, que seja. Será bem mais divertido do que ouvi-las reclamando, o tempo todo, sobre o tamanho da bunda, da barriga, dos peitos; sobre o zíper que não fecha, sobre os quilos ganhos no churrasco de sábado. Fechar a boca que é bom e surte efeito, ninguém quer: a mulher de hoje mantém a boca aberta demais, o tempo todo, sempre para falar sobre seus defeitos em longas conversas inúteis regadas a milk shake, batata frita e cupcake.
Essa relação estranha das mulheres com a balança, na minha opinião, não tem a ver com passarelas, revistas de moda e supostos “padrões impostos pela sociedade”. Tem a ver, pura e simplesmente, com olhar-se no espelho e gostar do que vê. Se você não gosta do que vê, a solução é igualmente simples: faça alguma coisa. Mas para quê evitar a sobremesa, a coxinha, o pacote de bolacha recheada? Daí vou reclamar do quê? Vou sofrer por quê? É como se a culpa de tudo o que dá errado estivesse ali, naquela barriga grande e mole, naquela bunda cheia de celulite. “Quando eu emagrecer vou ser mais feliz”. Não, não vai, porque você não vai emagrecer. Você não tem forças para isso. Você gasta toda a sua energia reclamando dos ponteiros da balança. Recursos mal direcionados, eu diria.
Ser gorda não é um problema. Nunca foi – nem antigamente, quando as gordinhas eram o “padrão de beleza”, nem hoje. Mulheres gordas namoram, trepam, casam e têm filhos como todo mundo. O problema, mulherada, é ser chata. É passar os dias contando calorias para, no supermercado, comprar bandejas de danette e pacotes de Elma chips. É gastar tubos de dinheiro em tratamentos estéticos para contar sobre o não-resultado num happy hour regado a pastéis fritos e cerveja. Os homens gostam das mulheres: das gordas, das magras, das fofinhas e das esqueléticas. O que eles não gostam é de você, aí, com essa cara de bunda, reclamando dos culotes
Texto do blog
Imagem

Comentários

Postagens mais visitadas